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CIA/UFPB transforma política de inclusão em ações efetivas para alunos e servidores com deficiência
“Uma política de inclusão materializada” — assim Rafael Monteiro, coordenador do Comitê de Inclusão e Acessibilidade (CIA) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), define a assessoria especial da reitoria criada em 2013 para implementar a Política de Inclusão da universidade.
Hoje, a universidade presta serviço para 2.607 alunos que são pessoas com deficiência (PcD), 180 alunos PcD ingressantes pelo SISU 2025, além de ter em seu quadro 150 servidores PcD (segundo o Censo 2023). Desse total, 583 membros da comunidade acadêmica, entre alunos e servidores com deficiência ou com necessidades educacionais específicas, são atendidos diretamente pelo CIA.
O apoio inclui, por exemplo, a inserção no Programa Aluno Apoiador, no qual estudantes de graduação oferecem suporte às atividades acadêmicas, atendendo às necessidades específicas de estudantes com deficiência física, motora, auditiva, visual, Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e outras demandas pedagógicas.
Para além disso, o comitê também realiza empréstimo de tecnologias assistivas, disponibiliza intérpretes de Libras para acompanhar os alunos nas aulas, fornece cuidadores para estudantes com paralisia cerebral, assessora a instituição quanto às adequações arquitetônicas, oferece orientações pedagógicas aos professores, e encaminha estudantes e servidores atendidos para acompanhamento de saúde nas clínicas-escola, CRAS da UFPB ou no Hospital Universitário Lauro Wanderley, entre outras ações.
Para melhor atender às demandas, o CIA possui escritórios próprios em cada campus da universidade. Rafael Monteiro, coordenador do CIA, considera a política de inclusão e acessibilidade um marco histórico na instituição, que precisa seguir em constante evolução:
“Ter essa política institucional diz muito sobre a voz da pessoa com deficiência na universidade. Ela garante participação, ingresso, permanência e saída da pessoa na instituição, além de possibilitar adaptações e dar voz a ela onde quer que esteja — seja no curso, em projetos de pesquisa ou em eventos nacionais e internacionais. Essa política respira aqui dentro, e isso é muito importante para a pessoa com deficiência, seja estudante ou servidor”, afirmou Rafael.
Outros serviços oferecidos pelo CIA incluem: Tradução e interpretação em Libras para aulas e eventos; Apoio terapêutico nas clínicas-escola de Fisioterapia, Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia, Psicologia e Psicopedagogia; Adaptação de conteúdo acadêmico para pessoas com deficiência visual, e realização de cursos e materiais educativos.
O Comitê conta ainda com quatro Grupos de Trabalho (GTs), que atuam como instâncias consultivas em áreas específicas de efetivação das políticas de inclusão e acessibilidade: Acessibilidade Pedagógica, Atitudinal, Comunicacional e Arquitetônica.
Os membros desses grupos, dentre outras coisas, elaboram materiais de sensibilização, assessoram professores e técnicos administrativos, estimulam pesquisas na área, coletam e analisam dados sobre as condições de inclusão nos campi, desenvolvem projetos para solucionar questões arquitetônicas e de design, buscando melhorar as condições de acessibilidade na UFPB, conforme a Resolução nº 9 do CONSUNI/2016.
Os alunos interessados em contar com a assistência do CIA devem realizar a solicitação via Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas (SIGAA), já os servidores podem solicitar via formulário disponível no site do comitê.
Rede de apoio
Para o desenvolvimento das atividades, programas e projetos, o CIA conta com uma rede de apoio acionada conforme a demanda. O Laboratório de Vida Independente e Tecnologia Assistiva (Lavita) é um dos parceiros e realiza o desenvolvimento de tecnologias assistivas nas áreas de adequação postural, mobilidade, comunicação, confecção de órteses, suporte pedagógico, jogos e brinquedos adaptados, além de dispositivos de auxílio para atividades de vida diária.
Rafael Monteiro conta que a partir dessa parceria já foi possível ajudar um aluno do curso de medicina veterinária que não possuía um dos braços, com a adaptação de um bisturi para realização de prática cirúrgica do curso. Outras adaptações já foram realizadas para o público da UFPB:
“Já apoiamos servidor com cadeira adaptada, e tivemos o caso de um aluno com nanismo que precisava escalar a carteira todas as vezes para sentar e assistir às aulas, para resolver a situação o laboratório criou uma carteira que se dobrava como se fosse uma mala, permitia ele subir facilmente e ainda levar com ele a carteira. Esse aluno inclusive já se formou”, contou Rafael.
O Laboratório de Projetos em Design (Labproj Design) projeta artefatos em 3D para apoiar alunos que precisam de adaptadores, como para pegar um lápis ou digitar. Atualmente, o Labproj está desenvolvendo uma mão mecânica para ajudar alunos cegos a aprender Libras, disciplina muitas vezes ministrada por professores surdos. A expectativa é que o aluno cego possa aprender Libras ao acompanhar, pelo tato, o movimento da mão mecânica.
O Laboratório de Acessibilidade (Lacesse) apoia o CIA com projetos arquitetônicos, urbanísticos e de tecnologia na arquitetura para promover acessibilidade. Um exemplo é a parceria com a Pró-Reitoria de Assistência e Promoção ao Estudante (Prape) na elaboração de projetos para futuras salas de autorregulação nos restaurantes universitários, com isolamento acústico, destinadas a pessoas autistas, por exemplo.
Além do CIA, o Serviço de Inclusão de Usuários com Deficiência (SIUD), da Biblioteca Central, e o Núcleo de Educação Especial (Nedesp), do Centro de Educação, atendem alunos com deficiência visual. Ambos contam com impressoras Braille, scanners ledores Sara CE, máquinas Perkins de digitação em Braille, regletes, punções para escrita em Braille, bengalas, livros e periódicos em Braille e em formatos digitais acessíveis.
Há também projetos de extensão que apoiam os estudantes atendidos pelo CIA. O projeto Criativa, do curso de Terapia Ocupacional, mapeia a rede de cuidado mental na UFPB para estudantes que precisam de acolhimento; o Tradulibras traduz materiais didáticos para Libras, formando um acervo em vídeo para a comunidade surda; o Comunica Libras oferece curso básico de Libras; e o projeto Inclusão em Foco fortalece o protagonismo de estudantes com deficiência e necessidades específicas de aprendizagem. Além disso, há o projeto Formação Docente, que promove a formação continuada de professores e servidores técnicos administrativos para incluir estudantes PcDs no ensino superior.
Novidades
Rafael Monteiro destaca duas principais novidades do CIA. A primeira é o início do processo para a futura implementação do Programa Rotas Acessíveis, resultado de um projeto de extensão em apoio ao CIA. O programa prevê obras de acessibilidade que unirão os Centros de Ensino do Campus I, contando com apoio de emendas parlamentares.
A segunda novidade é o projeto CIA Itinerante, no qual os membros do CIA visitarão os campi fora de sede para ouvir professores, diretores e alunos sobre suas demandas e como o comitê pode ajudar. “Queremos ajudar esses estudantes, os professores e também os diretores a articular a política de inclusão e acessibilidade dentro do seu local de trabalho”, o projeto terá início ainda neste semestre, afirmou Rafael Monteiro.
Fotos: Angélica Gouveia, Milena Dantas, Gustavo Ribeiro e Divulgação CIA