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Na UFPB, mãe e filho atípicos transformam desafios em projeto de extensão universitária
Como garantir a verdadeira inclusão de estudantes com deficiência no ambiente educacional? A resposta para essa questão envolve uma série de desafios de ordem pedagógica, social e política, que vêm ganhando cada vez mais espaço nos debates atuais. É por isso que Caliandra Lima, professora do Departamento de Ciências Biomédicas do Centro de Ciências da Saúde (CCS), desenvolveu há nove meses na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), o projeto de extensão “Rota Acessível: Viagens e experiências”.
O projeto surgiu a partir da trajetória de Caliandra e seu filho atípico Marcílio de Oliveira, também integrante do projeto, que desde os anos iniciais da educação básica até a universidade vivenciaram as barreiras e os desafios do processo educacional inclusivo. As oficinas desenvolvidas ao longo da ação extensionista trazem relatos em primeira pessoa, destacando o papel da escola, da família e dos profissionais da saúde no processo de ensino-aprendizagem e na reabilitação da Pessoa com Deficiência (PcD). Até o momento, já foram realizadas oito oficinas voltadas para estudantes, docentes, técnicos-administrativos e público externo.
Como pedagogo, Marcílio enfrentou a falta de acessibilidade no mercado de trabalho para pessoas com deficiência, o que o motivou a fazer participações em aulas de professores que o convidaram para contar suas experiências. Enquanto isso, logo após assistir aos Jogos Paralímpicos de Paris 2024 pela televisão, Marcílio iniciou, há nove meses, sua carreira como atleta de bocha paralímpica na categoria BC3 — que utiliza um instrumento de apoio para direcionar a bola e conta com a ajuda de um calheiro. Nesse caso, o calheiro é seu pai, responsável por manusear a calha para o lançamento da bola.
Marcílio e Caliandra estão sempre juntos realizando eventos e palestras com foco no relato de conhecimento da história pessoal do pedagogo atípico, passando pela educação básica e superior, até a inclusão de acessibilidade e quebra de estereótipos nas questões e barreiras sociais do dia a dia.
“O maior desafio é fazer com que as pessoas entendam que uma pessoa PcD pode fazer tudo. Espero que a sociedade seja cada vez menos capacitista e que todos os locais do mundo tenham mais acessibilidade para nós”, comentou Marcílio.
Ainda esse mês, o filho e a mãe ofertam duas novas atividades com o projeto de extensão. A primeira, intitulada “Reabilitação e autodeterminação: a experiência de vida e a prática fisioterapêutica”, acontece no dia 15 de setembro, às 13h30, na sala 707 do CCS, com 30 vagas disponíveis (inscrições aqui). Já no dia 18 de setembro, às 9h, será realizada a oficina “Relatos de resistência: experiências de vida e luta pela acessibilidade e inclusão da Pessoa com Deficiência”, na sala 209 do Departamento de Ciências Biomédicas, com 50 vagas abertas (inscrições aqui).
Para acompanhar o projeto e as ações, acesse o perfil oficial do instagram.