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Projeto da UFPB quer combater desinformação sobre uso da cannabis medicinal

Ainda que permitido no Brasil, onde tem se popularizado nos últimos anos, o uso da cannabis medicinal para tratar doenças continua sendo tema de debates, em virtude da associação com o uso recreativo e com a criminalização da maconha no país. Com o intuito de promover a educação em saúde sobre o potencial terapêutico da planta, surgiu na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) o projeto “Educação Popular - Cannabis-CIM: Educação em Saúde e Empoderamento de Pacientes e Cuidadores”. A proposta acaba de ser aprovada no Programa de Bolsas de Extensão (Probex) 2025-2026, para sua primeira edição na universidade.
A iniciativa é coordenada por Gabriel Freitas, docente do Departamento de Farmácia e coordenador do Centro de Informação sobre Medicamentos (CIM-UFPB). A ação de extensão, segundo Gabriel, está focada em indivíduos com diversas condições clínicas (a exemplo da epilepsia refratária e da esclerose múltipla) que já utilizam ou buscam tratamentos à base de cannabis, bem como seus cuidadores, que necessitam de orientação para lidar com a complexidade do tratamento e com a burocracia associada.
Para chegar a essas pessoas, que recorrem a associações para adquirir produtos com CBD e THC de forma mais acessível, já que produtos semelhantes industrializados e importados custam bem mais caro, o projeto vai atuar em parceria com duas instituições: a Associação Liga Canábica, em João Pessoa-PB, e a Associação Reconstruir Cannabis, localizada em Natal-RN.
Uma conscientização que pretende atingir um público de cerca de 300 pessoas. A ideia é realizar oficinas educativas, em formato remoto e de forma presencial, para munir esse público de informações sobre o uso terapêutico da cannabis, tema sobre o qual faltam informações qualificadas acessíveis e sobra desinformação. “Mesmo profissionais de saúde expressam lacunas em seu conhecimento sobre a temática. Queremos combater a desinformação, capacitar profissionais e empoderar pacientes”, explicou Gabriel Freitas.
Para o docente da UFPB, o lançamento dessa ação de extensão, por meio do Probex, é o primeiro passo de uma discussão que não é ligeira, de um preconceito que não pode ser desconstruído em pouco tempo. “Essa sensação de ‘assunto polêmico’, em que muitos não querem tocar, está totalmente baseada em preconceito e não em ciência. Precisamos de mais ciência sobre a planta e mais divulgação de informações sérias, com evidência robusta”, comentou.
Além das oficinas, a ideia é aproveitar o potencial das mídias digitais para disseminar informações de qualidade sobre o assunto. Para isso, o projeto vai investir na criação de um podcast, cujos episódios serão disponibilizados em diferentes plataformas, para garantir o maior alcance possível. As informações sobre esse podcast e mais detalhes do projeto serão divulgados no Instagram do CIM-UFPB.
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Texto: Milena Dantas
Imagem: Freepik
