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Pesquisa da UFPB analisa modelo de aprendizagem do povo potiguara

Pesquisadores do Campus IV da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) têm se dedicado há mais de uma década a estudar as particularidades da educação indígena do povo Potiguara, no litoral norte da Paraíba. O trabalho mostrou que predomina nessa cultura a chamada “pedagogia da existência e das tradições”, uma pedagogia feita a partir da vivência concreta e da experiência existencial do sujeito como eixo do aprendizado.
A partir de uma pesquisa de campo etnográfica realizada desde 2009 em escolas indígenas potiguaras, o grupo de pesquisadores da UFPB, sob liderança do professor Paulo Palhano, observou práticas de ensino, rituais, modos de convivência e formas comunitárias de transmissão de saberes.
A conclusão foi que, nas aldeias, o aprendizado não está restrito à sala de aula, mas se dá na relação com a terra, com os mais velhos e com a coletividade. Assim, a experiência direta, o pertencimento ao território e a partilha de saberes aparecem como dimensões formativas fundamentais.
“Quando o projeto começou, percebemos que nosso curso de pedagogia recebia estudantes indígenas, e nós, professores-pesquisadores, precisávamos compreender o ambiente originário desses educandos universitários”, explica Palhano, sobre a motivação inicial da pesquisa.
Segundo o docente, diferentemente da pedagogia “tradicional”, que organiza o conhecimento de forma hierarquizada e privilegia a repetição e a avaliação formal, a pedagogia da existência valoriza o aprendizado como vivência. O ensino, então, deixa de ser transmissão de conteúdos para se tornar um processo de construção de sentido de forma comunitária.

“Verificou-se que a escola indígena Potiguara possui vida social e cultural intensa, plural e complexa, pois no chão da escola os sujeitos educadores e educandos juntos compartilham conhecimentos. Forma-se a partir daí uma polifonia de vozes e práticas, onde saberes são gerados pelo corpo da escola, e ganham com a participação dos anciões, que trazem os saberes ancestrais que compartilham”, diz Palhano.
De acordo com o pesquisador, o projeto de análise das práticas educacionais indígenas continua em vigor, havendo novas incursões etnográficas previstas para 2026.
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Texto: Hugo Bispo
Foto: Angélica Gouveia
Ascom/UFPB
