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UFPB e Coletivo Abayomi discutem estratégias para fortalecimento da educação antirracista
Na manhã do dia 8 de setembro, a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) recebeu, na Reitoria, a representante do Abayomi – Coletiva de Mulheres Negras na Paraíba, Priscila Rocha Silva, o vereador de João Pessoa Marcos Henriques Silva e o assessor da deputada estadual Cida Ramos, Valdemar Ribeiro Nazianzano. O encontro teve como objetivo discutir com a gestão superior da instituição formas de apoiar a implementação da Lei nº 10.639/2003 no estado.
A legislação, que torna obrigatório o ensino da História e Cultura Afro-Brasileira nas escolas, busca reparar séculos de apagamento histórico e combater o racismo por meio da educação. A comitiva foi recepcionada pela Reitora Terezinha Domiciano, com a presença da Pró-Reitora de Graduação, Ana Cláudia Rodrigues, e da coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi/UFPB), professora Mojana Vargas.
Durante a reunião, os participantes discutiram o cenário da implementação da lei na Paraíba, destacando os desafios enfrentados, sobretudo por profissionais da educação básica. Priscila Rocha enfatizou a necessidade de capacitar docentes em formação e professores em atuação, oferecendo ferramentas teóricas e práticas para aplicar a legislação em sala de aula. Priscila destacou que, apesar de a lei que trata do ensino da história e cultura da população negra ter mais de duas décadas, sua efetiva aplicação ainda enfrenta desafios.
“O projeto de incidência política que vem sendo desenvolvido busca justamente reverter esse cenário. Já foram realizadas reuniões com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e com o Conselho Estadual, e, agora, o diálogo se estende à UFPB para construir estratégias para integrar a legislação à formação de professores, abordando tanto a inclusão de conteúdos sobre relações étnico-raciais e a história da população negra nos currículos, quanto o preparo dos docentes para trabalhar essas temáticas nas escolas”, disse.
A Pró-Reitora Ana Cláudia Rodrigues apresentou iniciativas já em andamento na universidade, como ações voltadas à capacitação de docentes e o Grupo de Trabalho criado para estudar propostas de políticas públicas voltadas à promoção da educação étnico-racial, instituído por portaria publicada no Boletim de Serviço de 22 de agosto.
O GT criado deve, dentre outras coisas, elaborar diagnóstico sobre a situação da promoção da educação étnico-racial no âmbito da UFPB; apresentar proposta de políticas públicas voltadas para a promoção da educação étnico-racial.
Reconhecendo a importância de sensibilizar também servidores e colaboradores da instituição, a Reitora Terezinha Domiciano propôs a criação de um plano de capacitação voltado para docentes, técnicos-administrativos e terceirizados, ideia semelhante ao já adotado em áreas como conformidade e integridade. A gestora sugeriu que o Neabi participe desse grupo, recuperando propostas apresentadas em anos anteriores para subsidiar as novas ações.
A professora Mojana Vargas destacou que o núcleo já propôs na gestão anterior, capacitações para docentes do Ensino Básico, com foco em educação antirracista e educação escolar quilombola, além de formações voltadas para professores da própria UFPB, sobre como abordar questões relacionadas à educação antirracista respeitando as especificidades dos cursos de licenciatura e bacharelado.
“Além disso, nós promovemos periodicamente capacitações para integrantes das bancas de heteroidentificação, por que a gente vê tudo isso como uma grande construção de enfrentamento ao racismo na universidade, as pessoas precisam se capacitar para atuar em diversas frentes”, afirmou.
A reunião foi um desdobramento da Audiência Pública sobre Educação Antirracista e Quilombola realizada na Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) no final do ano de 2024. O encontro foi articulado pela deputada estadual Cida Ramos, presidente da Comissão de Educação da casa legislativa.
Texto e foto: Elidiane Poquiviqui