Você está aqui: Página Inicial > Contents > Notícias > Exposição de Arte Eficiente na Pinacoteca UFPB
conteúdo

Notícias

Exposição de Arte Eficiente na Pinacoteca UFPB

Jovens da Associação Ame Down, a FUNAD e idosos da Vila Vicentina Júlia Freire emocionam a comunidade acadêmica por meio do trabalho com Artes Visuais

publicado: 07/11/2016 17h45, última modificação: 22/04/2017 21h16
Expo Arte Eficiente - Pina UFPB 2016 - https://issuu.com/robsonxavier3/docs/expo._eficiente

Expo Arte Eficiente - Pina UFPB 2016 - https://issuu.com/robsonxavier3/docs/expo._eficiente

            Aconteceu na Universidade Federal da Paraíba, no dia 02 de setembro de 2016, a abertura da exposição resultante da produção visual criativa de jovens com Síndrome de Down, com Déficit Intelectual e Idosos que participam do projeto Artes visuais & inclusão: ensino de artes visuais em instituições de educação inclusiva em João Pessoa. A exposição foi resultado de um ano de trabalho com esses jovens e teve o seu encerramento no dia 30 do mesmo mês. O projeto Artes Visuais & Inclusão é coordenado pelo professor Robson Xavier, do Departamento de Artes Visuais da UFPB. De acordo com o professor, o projeto começou em 2014 e tem a finalidade de realizar atividades de artes visuais nas instituições de educação inclusiva da capital, em parceria com a UFPB, a partir do Laboratório de Pesquisa em Artes Visuais Aplicadas e Integrativas (LAVAIS).

            A Ame Down é uma associação de pais de jovens com Síndrome de Down, que foi incorporada ao projeto Artes Visuais & Inclusão no ano de 2015. Há um ano, 10 jovens da Ame Down começaram a participar do projeto e hoje são 16 alunos que despertaram o interesse pelas artes visuais. As crianças mais novas que chegam à associação já nutrem o desejo de participar do projeto, mas de acordo com o coordenador, alguns dos alunos exigem mais atenção do que outros e ele não teria condições de atender a todos igualmente com o aumento da quantidade de participantes. A maior dificuldade desta iniciativa é o apoio financeiro para aquisição de materiais para as oficinas de artes visuais, tendo em vista que, os projetos de pesquisa e extensão da UFPB se limitam a apoiar apenas os bolsistas. No caso da Ame Down, são os pais quem compram os materiais. “Às vezes queremos fazer alguns experimentos e não fazemos porque não temos as ferramentas necessárias”, afirma Robson Xavier.

             “A Ame Down não tinha sede própria na época em que o projeto começou, então começamos a trabalhar aqui na UFPB, este é o único núcleo do projeto realizado na universidade”, explica Robson. Os alunos têm aulas quinzenais de artes, aos sábados, no laboratório de pintura do Centro de Comunicação, Turismo e Artes (CCTA). O projeto Artes visuais & inclusão trabalha com duas bolsistas do PROLICEN 2016, Viviane Coutinho e Jeanne Gleber, estudantes do curso de Licenciatura em Artes Visuais e alguns voluntários como Márcio Soares que foi professor de inglês de alguns jovens da Ame Down nas escolas regulares de João Pessoa, o que facilitou o processo de socialização do grupo. A artista portuguesa Graça Capela, estudante do curso de artes visuais, também é voluntária do projeto.

            No ano de 2015, o projeto Artes visuais & inclusão foi desenvolvido na FUNAD pelas bolsistas Viviane Coutinho e Patrícia de Oliveira. Lá, juntamente com as professoras, selecionaram alguns participantes para trabalhar pintura e eles formaram uma turma até o final do ano. “Os participantes produziam muito rápido, começavam e terminavam uma pintura na mesma aula”, afirma Viviane. As obras que mais se destacaram durante esse ano de projeto, foram escolhidas para a exposição Arte Eficiente.

            O projeto está sendo desenvolvido também na Vila Vicentina pelas voluntárias Rosangela Xavier, Shirley Tanure e Jacqueline Carolino. Toda semana elas reúnem um grupo de cerca de sete idosos para trabalharem com as artes visuais. As voluntárias trabalham com aqueles idosos que mostraram ter afinidade com as artes, então, eles desenham, pintam e fazem colagens. Segundo Rosângela, essa é uma maneira deles encontrarem o seu eu interior, seu mundo imaginário e falarem de suas experiências de vida por meio da arte. “Nem todos participam, alguns estão doentes ou não se identificam com as artes. Entretanto, é muito gratificante ver que apesar do número ser pequeno, a presença dos participantes é boa”, revela Rosangela.

            De acordo com Rosangela, quando chega o dia da “aula de artes”, os idosos já estão esperando ansiosamente em suas cadeirinhas e dizendo: “hoje é dia de pintar?”. A voluntária relata que muitos deles gostam das tardes em que o projeto é realizado na Vila Vicentina e perguntam por que não tem todos os dias. “Eles tiveram uma melhora na saúde mental depois de começarem a participar do projeto. Pois ocupam a mente, ficam concentrados, param de se preocupar com suas doenças, dores e seus problemas”, afirma.

            De acordo com as mães da associação Ame Down, seus filhos ficaram mais tranquilos, atenciosos, concentrados depois de começarem a participar do projeto. A arte trouxe uma mudança no comportamento intra e interpessoal dos seus filhos. Gislene Morais, presidente da Ame Down, confessa que não esperavam que essa exposição acontecesse tão rápido, é como se fosse uma coroação e que eles estão muito felizes em dar visibilidade aos seus trabalhos. “É um trabalho que expressa o que sentem. A pintura tem um dom de transformar, acalmar e apaziguar o coração”, pontua Gislene. “Nesse projeto, nós sentimos a transformação de pais e filhos voltados para as artes”, conclui.

            Maria de Fátima Barbosa é mãe de Djalma Barbosa Júnior, 26 anos, que tem Síndrome de Down. Júnior é aluno do projeto Artes visuais & inclusão, o qual é chamado por eles de oficina de artes. Segundo Maria de Fátima, este projeto é importante para o desenvolvimento pessoal do seu filho e uma oportunidade de ele se comunicar com o mundo através da arte. Ela comenta a importância dessa exposição para os participantes: “eles estão se sentindo valorizados, a autoestima é elevada, eles têm essa percepção”. O trabalho realizado com esses jovens os deixam muito felizes, pois eles exercem as atividades de forma lúdica e em conjunto. Por isso, há uma melhora na relação interpessoal entre eles e deles com o mundo.

            Eliane de Souza Pacote é mãe de Aaron Pacote Sales, 18 anos, que tem Síndrome de Down. Aaron é aluno deste projeto e também faz parte de outro chamado Projeto Empoderar, desenvolvendo um estágio como mediador do público na Pinacoteca UFPB – equipamento cultural da UFPB que tem a função de divulgar a arte paraibana. Segundo Eliane, depois que começou a trabalhar na Pinacoteca UFPB, Aaron ficou ainda mais encantado com as artes, e no dia da exposição falou para a mãe: “agora o meu trabalho também vai ficar na Pinacoteca, e eu vou mostrar a todo mundo que eu também sei pintar”.

            Para Eliane, o professor Robson Xavier foi muito feliz em ter a iniciativa de trabalhar com esses jovens e mostrar o potencial de cada um dentro de suas habilidades. “Ele está descobrindo artistas, pois os trabalhos estão muito lindos”, deleita-se. E continua: “Ele tem um carinho e uma responsabilidade muito grande com esses meninos. É um trabalho onde ele vestiu a camisa, a equipe dele é toda treinada. Porque é diferente você trabalhar com uma pessoa com deficiência e com uma pessoa sem deficiência, você precisa ter um olhar diferenciado, e nesse trabalho ele conseguiu passar isso para nós”.

            Eliane confessa que sempre quis que Aaron se interessasse pela arte. Ela comprava telas, tintas, mas o filho nunca havia se interessado. Por isso, quando o colocou no projeto, tinha a convicção de que não daria certo, contudo, surpreendeu-se quando viu o interesse pelas artes despertar em seu filho. Hoje, o pedido para comprar novas telas e tintas parte do filho. “Ele está desenvolvendo absurdamente bem esse trabalho na Pinacoteca” orgulha-se. Segundo Eliane, Aaron fica muito feliz quando vai para o trabalho, porque está no meio das artes, mostrando-as para as pessoas. Da mesma forma, com relação às aulas de artes, ele se alegra a cada aula e lamenta-se quando não tem.

            A exposição, como bem disse Gislene Morais, foi a coroação de um ano inteiro de trabalho com esses jovens da Ame Down, FUNAD e com os idosos da Vila Vicentina. Não havia felicidade maior do que a dos expositores. Eles estavam muito orgulhosos, pois todos os olhares se voltaram para suas obras de arte.